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Sinopse: Tentando esconder seus verdadeiros sentimentos, Ophélie e Thorn embarcam em uma jornada a fim de compreender os indecifráveis códigos de Deus e a verdade por trás da misteriosa figura do Outro, cujo poder devastador está destruindo o mundo: Babel, Polo, Anima… Nenhuma arca é poupada e milhares de inocentes são arremessados contra um vazio infinito.
Mas como encontrar o Outro sem saber como ele é? Se Deus tem milhares de identidades, o Outro não tem nenhuma. E a busca pelo desconhecido os leva ao Observatório dos Desvios, um instituto envolto em segredos e responsável por experimentos monstruosos.
Ecos do passado e do presente indicam uma possível chave à resolução dos enigmas, mas serão Ophélie e Thorn capazes de encontrar as respostas que irão cessar a matança e a destruição, trazendo equilíbrio de volta ao mundo?
Por onde começar a falar de A Tempestade de Ecos? O quarto e final volume da saga A Passa-Espelhos promete as respostas que todos esperavam: Como o novo mundo foi criado? O que aconteceu com o mundo antigo? Como Eulalie Deos criou os espíritos familiares e seus poderes? Quem é o Outro que agora destrói as arcas? Qual é o papel da Ophélie nisso tudo?
Eu realmente estava aguardando ansiosamente essas revelações, porque um dos aspectos que achava mais interessante em toda a série era exatamente a construção do mundo, o mundo que veio antes, a criação dos poderes que vemos. O problema é que não gostei de nenhuma das respostas dadas. Fiquei com a impressão que esse universo cheio de mistérios havia sido criado nos dois primeiros livros sem realmente existir algum planejamento de como tudo seria explicado depois. Então, quando chegou a hora, a autora foi amarrando as pontas da forma possível, o que acabou sendo decepcionante.
Não só tudo se justifica com uma explicação estranha de um tipo de mundo invertido, de onde tiraram o "impulso" necessário para criar o novo mundo e seus espíritos familiares a partir de meros ecos de coisas ou pessoas do nosso "mundo real", como também o papel de Deus e do Outro se confunde, literalmente trocando de lugar na história, além de (aleatoriamente) colocar a Elizabeth, que até então não tinha qualquer indício de relevância na história, como a versão encarnada da Eulalie, que a Ophélie tirou do espelho anos antes e, aparentemente, trocou de aparência com a garota.
As explicações dadas para a magia e a criação do novo mundo tiraram parte do encanto com esse universo cheio de possibilidades que vemos nos dois primeiros livros, além de não parecerem algo tão planejado assim: fiquei com a sensação que a autora tinha uma noção de usar o "reflexo" da Ophélie, já que a saga tem o seu nome pelo poder de passa-espelhos da protagonista, mas precisou criar novas respostas a partir disso e virou tudo uma grande confusão.
E temos então, nas últimas páginas, o que realmente me irritou: o final de absolutamente todos os personagens é frustrante. A Ophélie perde seus dedos e, com eles, seu talento de leitora, em uma troca com esse mundo Reverso; O Thorn ficou preso no Reverso e não é encontrado até o final da história, apenas temos uma vaga noção de que a Ophélie está decidida a ir atrás dele; Mal vemos a Berenilde e Victoire, e temos apenas uma fala do Archibald; Os espíritos familiares aparentemente continuam sem saber que foram criados a partir de palavras, e têm os seus códigos mudados para algo menos permanente, perdendo sua imortalidade e seus poderes; As arcas deixam de existir e o mundo volta a ser completo, trazendo de volta as pessoas do mundo antigo que passaram séculos presos em formas de ecos ou sombras no mundo Reverso. O livro realmente não deu uma conclusão satisfatória para um personagem que fosse.
Falando da saga toda, realmente acabei gostando do universo, principalmente quando estava super envolvida com o segundo livro. Passei a torcer pela Ophélie e o Thorn, o que conta muito para mim como uma leitora que sempre se deixa levar pelo carinho que crio pelos personagens. Não me arrependo de ter lido, nem um pouco, e acho que talvez releia o primeiro e o segundo livro futuramente, para matar a saudade de "estar" em Anima e no Polo. Mas, além dos problemas que já mencionei com o primeiro livro, a lentidão do terceiro e, agora, o final insatisfatório no quarto, tenho que admitir que esperava mais. Depois do segundo livro fiquei tão cativada pela história, que esperava que a autora continuasse naquele ritmo, e me decepcionei bastante com esse desfecho. Acho que a história tinha realmente TANTO potencial, que foi desperdiçado de várias formas diferentes em A Tempestade de Ecos.
Uma pena, mas já estou com saudade das intrigas do Polo. Espero que a autora decida, ao menos, escrever um conto para dizer: "o Thorn está bem, pode dormir tranquila".